Eu matei o Padre Ramiro
Fernando Farias
Comove a ironia do destino. O assassinato do padre espanhol Ramiro Ludeño, numa tentativa de assalto. Justamente por um jovem 15 que queria dinheiro para pagar dívidas com o tráfico de drogas. Padre Ramiro foi morto justamente por um daqueles milhares de jovens que ele tanto ajudou durante 21 anos. Mas o rapaz não sabia disso, nem o povo de Pernambuco, era apenas um velho homem dirigindo um carro num bairro pobre.
Lembro do entusiasmo com que ele me mostrava as dependências de sua entidade voltada a apoiar jovens pobres em conseguir uma profissão e se libertarem do crime e das drogas.
“Meu trabalho é fazer esta meninada sonhar com um futuro diferente”. Repetia ao final de cada monologo que eu ouvia pacientemente.
Tenho certeza, sou capaz de jurar, que Padre Ramiro não condenaria o jovem que o matou. Com certeza reclamaria muito do rapaz, com aquela sua dicção espanhola engraçada, por ter atrapalhando a continuidade do trabalho de recuperar outros jovens e o convidaria a trabalhar na criação de animais em um sítio que mantinha no bairro do Curado.
Padre Ramiro era um faxineiro, tentava limpar o que a sociedade sujava nas mentes de nossos jovens. Lutava contra o tráfico, a policia corrupta, os governos indiferentes e pessoas como eu, que vê uma juventude desesperada e nada fazemos.
Eu fui um dos matadores do padre Ramiro. O governador também. O leitor também. E vamos continuar apenas observando, indiferentes, até chegar a nossa vez de encontrar pela frente um jovem de 15 anos drogado.
Comove a ironia do destino. O assassinato do padre espanhol Ramiro Ludeño, numa tentativa de assalto. Justamente por um jovem 15 que queria dinheiro para pagar dívidas com o tráfico de drogas. Padre Ramiro foi morto justamente por um daqueles milhares de jovens que ele tanto ajudou durante 21 anos. Mas o rapaz não sabia disso, nem o povo de Pernambuco, era apenas um velho homem dirigindo um carro num bairro pobre.
Lembro do entusiasmo com que ele me mostrava as dependências de sua entidade voltada a apoiar jovens pobres em conseguir uma profissão e se libertarem do crime e das drogas.
“Meu trabalho é fazer esta meninada sonhar com um futuro diferente”. Repetia ao final de cada monologo que eu ouvia pacientemente.
Tenho certeza, sou capaz de jurar, que Padre Ramiro não condenaria o jovem que o matou. Com certeza reclamaria muito do rapaz, com aquela sua dicção espanhola engraçada, por ter atrapalhando a continuidade do trabalho de recuperar outros jovens e o convidaria a trabalhar na criação de animais em um sítio que mantinha no bairro do Curado.
Padre Ramiro era um faxineiro, tentava limpar o que a sociedade sujava nas mentes de nossos jovens. Lutava contra o tráfico, a policia corrupta, os governos indiferentes e pessoas como eu, que vê uma juventude desesperada e nada fazemos.
Eu fui um dos matadores do padre Ramiro. O governador também. O leitor também. E vamos continuar apenas observando, indiferentes, até chegar a nossa vez de encontrar pela frente um jovem de 15 anos drogado.
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Cronica publicada do Blog do Jamildo do Jornal do Commércio do Recife
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